A Menina do Coração Tagarela

Esse coração fala demais.

Perdendo a memória


Imagem: Curta Teresa. Edição feita por mim.
          Já é manhã. A cidade acordou e eu continuo deitada à espera da vontade de levantar surgir. Um clarão forte chega até os meus olhos e me impende de continuar dormindo. Então, resolvo levantar.
        Depois de descansar os pensamentos, acordo e vejo várias fotos. É assim todos os dias. São lembranças boas de momentos únicos que raramente voltarão a acontecer. Apesar deste acontecimento singular, uma foto em particular me deixa intrigada.
          Eu realmente não vejo a mesma foto com os mesmos olhos e com a mesma carga emotiva. Eu não consigo enxergar do mesmo jeito como foi ontem. A cada manhã ela tem um sentido diferente, mas não falo de bons momentos, hoje, esta foto, tornou-se o símbolo de mudança, de incompatibilidade, de dúvida. Não sei ao certo, mas o seu verdadeiro sentido está sendo levado para um lado que não contempla as boas lembranças.
           São muitas situações, das coisas que eu sei não quero questionar, por mais que as dúvidas apareçam; não quero julgar. Antes a foto emanava uma alegria tão imensa que me fazia reviver cada momento que foi vivido no dia em que foi feito o registro.  Eu sempre olhava para ela de uma maneira tão singela, boa, pura. Agora, eu vejo dúvida, culpa, desânimo, silêncio, muito silêncio. Perturbador!
            É um silêncio tão perturbador que eu não tenho ação, não posso reagir, não consigo pensar. Eu lamento. É só o que tenho feito. Eu não consigo compreender, só consigo pensar que ‘culpa tenho eu?’ ‘O que foi o que eu fiz?’
            A cada vez que olho para a foto, eu não enxergo mais a pessoa que está ali, eu não a reconheço mais, talvez, ou sim, eu nunca tivesse a conhecido. Dói. Muito. Não esperava. Não sei se acabou. Fica, apenas, uma lembrança tão boa de algo tão recente que parece que foi vivido há anos e essa pessoa foi embora daqui. Que o passado se perdeu e apenas ficou a imagem para recordar.
           A cada vez que olho para a foto, eu tenho a vontade de chorar, sim, chorar, criticar, perguntar. ‘Por quê?’
           Sei que a cada vez que olho para a foto, me faz sentir culpada. De que? Não sei. Esta sensação me deixa incomodada. Eu já não sei o que pensar, o que dizer. De tudo o que eu gostaria de dizer parece, hoje, incompreensível, palavras ao vento, não tem qualquer valor.
           A cada vez que olho para a foto, me dá vontade de não vê-la mais, tamanha é a minha ira. Mas quando eu penso no que representou aquele momento, tenho em mente que aquele momento não pode se perder, não pode levar a culpa do que hoje é vivido.
           Quem sabe, a qualquer hora, aquela foto volte a ter o mesmo feeling que tinha antes. Eu quero que volte. Preciso. Sim... desejo!
           A cada vez que olho para a foto, eu enxergava uma pessoa forte, apesar de suas fraquezas e seus declínios era forte. A sua força me ajudou. Hoje sinto que é a pessoa precisa e não abre o caminho.
           A cada vez que olho para a foto, fico mais entristecida.
           A cada vez que olho para a foto, eu gostaria apenas de dizer ‘estou aqui’.
           Acaba o meu dia, é noite. Já não vejo a foto com tanta nitidez, mas eu sei que ali está a imagem de uma pessoa que se tornou estranha para mim.  Passa um filme, mas o final não é tão feliz. Na verdade eu não queria um final, só queria uma continuidade. Vou dormir, descanso as minhas ideias. Acordo e o sentimento não morre, fica cada vez mais forte.
          Agora, perdida, eu não tenho rumo. De tantos casos semelhantes, e pelas mais variadas razões, esta tem sido a mais difícil de entender, de compreender, de aceitar. Eu acho que perdi!!

1 Comentários:

Vai passar... Não sei até quando isso vai continuar mas, vai passar. Como tudo passa na vida. É triste, é! Eu sei e sei bem... São coisas assim que nos fazem chorar, mas são coisas assim também, que nos fazem mais fortes. E você sabe que sempre que precisar, eu vou estar do seu lado! Minha gratidão e meu carinho por você será eterno!