Diante do lago Ulrich observa cada instante daquela noite. Observa as nuvens, as estrelas, a sua própria existência. Não há nada mais trágico do que viver sozinho. Independente do que possa acontecer ter pessoas para entender suas fraquezas e confessar seus temores são muito mais relaxantes. Pensando assim, ele segue para sua casa que fica no alto da colina, um lugar iluminado pela lua, onde o sol toca primeiro quando nasce, onde os pássaros fazem suas primeiras moradas, um lugar feliz, rico de beleza e o seu colorido contagia até o mais obscuro coração.
Enquanto que na casa de Amelia, as perturbações dos pensamentos sobre o seu amigo perpassam e não consegue entender o quão seco foi à resposta. Logo, decidi visitá-lo pela manhã. Amanheceu. A moça prepara algo para levar até o seu conterrâneo. Com o seu longo vestido preto ela sobe a colina levando alegria e boas risadas. Sem perceber a presença de alguém chegar, Ulrich estava cortando lenha para aquecer sua noite quando eis que bate à sua porta.
- Bom dia! Vim trazer isto para você.
Sorridente entrega o que levou; o anfitrião estava meio atordoado com a visita matinal. Ulrich conduz a sua visita para o outro lado de sua casa. Aquela manhã começou a irradiar mais felicidade. Mesmo que não haja nada o que dizer a paisagem, que é proporcionada pela natureza do lugar, fala mais alto do que qualquer palavra que possa ser dita.
Palavras que machucam ou alegram quando desejam, não entendemos os motivos pelos quais devemos ter um respaldo para não cair neste jogo. Apesar de toda a atenção que se possam ter, elas nos atrai para um caminho que muitas vezes não tem fim, dependendo da situação há dois rumos: um bom e outro ruim. Não escolhemos apenas torcemos para que tudo saia como se espera que seja, caso contrário, o afastamento é o mais provável.
Nem todos os pensamentos devem ser seguidos e ainda assim, continuar no mesmo barco por muito tempo irá afogar qualquer chance de volta para a vida. E sem as palavras necessárias Amelia questiona sem saber como dar início.
- Ulrich, eu não compreendi bem o que você disse ontem sobre não ter por quem lutar. Foi tão seco o que dissestes que acredito que não falas a verdade. O que há contigo? Não quero forçá-lo a me dizer o que não desejas, mas quero poder te ajudar. É só isso! Não quero aborrecer-te, meu amigo!
E respondeu ele.
- Amelia, no momento não tenho por quem lutar, estou sozinho neste mundo. Já enfrentei muitas lutas e esta não consigo vencer, gostaria que fosse mais fácil ou mais simples de seguir e hoje não tenho qualquer perspectiva de vida. É apenas isso!
Um pouco aflita devido às palavras de seu nobre amigo a jovem moça segue com outros assuntos para não atrapalhar o momento mágico de alegria que estava aquele dia. Com receio de fazer novas perguntas ela decide ir embora para deixá-lo sozinho com os seus pensamentos e não imagina o quanto o seu amigo precisa dela.
Aquela manhã tinha tudo para ser mais agradável possível, no entanto, a doce jovem não correspondeu para que tudo saísse como pudesse ser. Ulrich passara o dia tentando esquecer o ultraje que sua amiga fez, mas ele não vê com um insulto diante de muitas coisas que já passou na vida e, por ainda ser tão jovem, as decepções o perseguem para onde quer que vá. Anoitece e Amelia não sabe o que fazer diante da perturbação que tem o seu coração. De alguma maneira deseja ajudar o seu amigo, porém não têm meios nem sabe o que ele tem ou esconde. Ela persiste na sua agonia de que Ulrich esconde algo dela e crê que irá descobrir.
O rapaz é cheio de mistérios estes que ele teme por toda a vida. Mas a pergunta ainda não foi respondida, será que há alguém por quem lutar? Independente de que seja ele, realmente existe? As dúvidas vão e vem e apenas memórias tomam conta do que resta de pensamento e o que resta de sentimento dentro do coração. Talvez não seja ele quem esconde algo, quem sabe ela, ambos não têm certeza, o que sabem é que um tenta ajudar o outro.