Você passa boa parte da sua
vida fazendo escolhas e uma delas é ficar sozinha. Mas não por medo de que alguma
coisa aconteça, não por sentir medo do outro, apenas por uma simples decisão de
ver tudo de longe e não se envolver muito com o mundo.
Certo momento é possível sentir a necessidade de sair da
solidão e buscar uma companhia, mas logo esse desejo vai embora.
Até que chega um dia que essa
solidão te deixa e começa a viver coisas que sempre quis ter vivido. Por um
determinado tempo, o que vem acontecendo, parece que ter sido sob encomenda,
parece um sonho. Tão logo estou vendo o pesadelo que é.
Não imagino que seja apenas uma
fase, espero estar enganada. Mas nada me faz pensar do contrário. O que era um
momento de alegria está se tornando um tormento. O mar de flores se foi e agora
vem a tempestade de espinhos.
O tempo de maravilhas me fez
mostrar o que é uma ideia pode se tornar real, me sentir viva e ter a convicção que
deixei de existir para viver de verdade. Acho que agora é o viver de verdade,
presumo.
Estar acompanhada era uma
vontade antiga, de muitas pessoas até. Mas aquela sensação de estar numa
multidão e se sentir sozinha voltam novamente. Difícil descrever como é isso,
porém é terrível, doloroso e que só faz reviver um passado que deveria
continuar no seu lugar.
Como uma pessoa pode mudar
tanto da água para o vinho tão facilmente? O que era presente se torna
distante? O que falava e agora fica em silêncio? Qual o caminho para tudo isso?
Confusa, triste, sozinha,
desfalecida pelo o que tanto quis sentir. Não há outro jeito a não ser deixar
tudo para lá e recomeçar.
Estou enfraquecida, de verdade.
Essa pancada foi forte demais para me levantar, mas nem tudo é para sempre e
tudo passa.
“Eu quero me esvaziar das dores
e desilusões, (...) da prisão do passado”, quero me sentir livre novamente,
quero só viver sem muitas pedras pelo caminho.
Voltarei ao meu lugar mais
gélido porque lá estou segura. E minha solidão me conforta e me protege. E sei
que ela não vai me decepcionar.