Num bela tarde recebi um recado.
Inesperado!
Tomei um susto porque realmente
não esperava. Aquele passado que de repente vem lhe cobrar explicações do seu
hiato.
Um mundo vem à tona na tentativa
de entender o que poderia ser, mas era tão previsível que a ansiedade girava em
torno desta possível certeza. E foi!
Quando se estabelece um tempo, o
que se espera é que seja cumprido. Primeiro erro. Aumenta a ansiedade, porém já
sem o mesmo crédito que havia antigamente. Todas as decepções retornaram e já
me deram a chance de compreender o que estava acontecendo: Não se iluda!
Foi uma noite cheia de suspense não
concretizado. E o mesmo pensamento do passado voltou, temerosa sempre porque o
que aconteceu foi suficientemente doloroso para se deixar levar por este “constrangimento”
novamente.
O dia raiou. Um novo momento surge.
O passado ficou no seu lugar. Já sem esperanças ou, talvez, calejada, deixei
para lá o pedido de outrora. Fui viver. Fiz meu trabalho diário, porque é isso
que eu sei fazer e não dependo dos outros para realizá-lo.
No calar da noite, chega uma
mensagem à minha procura. Foi relatado o que imaginava, então eu já não tive
mais palavras. Não estava tão frio, ventava bastante, mas o meu corpo
estremeceu demais, a ponto de ser incontrolável. Estava numa conversa paralela,
até interessante, que acabou perdendo o seu valor diante do medo de falar tudo
o que queria ou deixar isso para lá e manter enterrado de vez.
Ouvi atentamente cada palavra,
respondi com palavras porque a fala não tinha força e tinha medo de ser mais
ríspida do que costumo ser em situações desta natureza. Mas as palavras
escritas doem mais. Você lê como quiser, interpreta como desejar. A dor é
livre.
Não quis dizer muita coisa, mas o
que falei soou bastante duro e o que desejava aproximação, um entendimento,
tornou-se numa atitude infantil e imatura. E clamava por um motivo para
entender o silêncio ensurdecedor.
Quando imagino que o passado
retorna é para buscar respostas, mesmo que elas sejam bem desagradáveis. Se
isso acontecer, você está dando a cara a tapa e tendo força suficiente para
aguentar o que está por vir. Ledo engano.
A sensação é que estava lidando
com uma pessoa cheia de medo, com medo da rejeição e sem saber o que poderia
acontecer. E quando teve uma amostra do que eu acredito, caiu fora. Não aguentou!
Imagine se eu tivesse falado de verdade, descarregado a minha insatisfação que
venho carregando a um bom tempo. Mas se faz de sonso para sabe-se lá qual
finalidade. E não é a primeira vez que acontece.
Agora, diante da atitude infantil,
vai carregar consigo este entrave, pois sempre que ouvir falar em mim, ou ler
meu nome por aí, certamente vai lembrar do quanto o quis, mas ele mesmo não sabe
porque perdeu, no entanto, sabe que o seu lugar era o passado e que lá ele deve
ficar. Vai sempre lembrar disso. Ou não, talvez nem se importar mais. O bom é
que eu não precisei tomar atitudes drásticas, este tem sido o meu melhor
momento e na certeza de que poderei escutar aquela música sem ter o mesmo
apelo, de passar por certos lugares e não lembrar, de ler seu nome e não me
importar.
Há males que vem para o bem. E
isso eu devo agradecer, de verdade. Levou consigo o que já nem restava. Levou
consigo tudo o que poderia haver dentro de mim e o legal disso é que não serei
eu a lamentar e pensar.
Sabe aquele ditado, ‘fala o que
quer, ouve o que não quer’? Poderia ser reformulado para os tempos atuais: Fala
o que quer, ouve o que não quer e ainda bloqueia. Não serei eu que lembrará das feridas.
Fim!