A Menina do Coração Tagarela

Esse coração fala demais.

Sempre sonhe comigo IV


A doce Amélia desiste da sua própria vida ao permanecer na mesma situação ao tentar esquecer o seu amor. De tantos encontros e reencontros pelos lugares que costumavam realizar seus momentos inesquecíveis: virou um tormento... Sem muita escolha decide ficar aprisionada em sua casa, afugentando o seu anseio ferido, a sua mágoa, o seu amor partido e consolar com o vazio, a solidão profunda e mergulhar num oceano sem fim. Ela querendo sonhar para não acordar e ver os estragos causados pelo seu amor de nada ajuda. Fechando os olhos contempla o tormento do passado feliz, de belos sorrisos, de felicidades; ao contrário de sua situação atual, Amélia é fria para acalmar-se e sente cada passo do seu coração, de sua mente perturbada com as alucinações do carinho que recebia do seu amor. Ele que sofre por não tê-la mais, pense em algo para ao menos pedir o seu perdão, uma vez que ela nada falou. Inusitadamente ele resolve ir até a casa de Amélia para dar um ponto final e acabar com toda agonia e saber o que realmente o espera. Mesmo que Amélia não entendesse as atitudes de seu amor, ela ainda morre de amor por ele e sente o quanto é estar sem. A vida de ambos mudou completamente depois do que houve. Passados messes ele vai à casa de Amélia para convencê-la de seu verdadeiro amor. Ela não está em casa. Amélia viajou para longe, muito longe e nada avisou ninguém sabe para onde ela foi. Ao chegar a casa dela, ele percebe que ela já não está lá e cai ajoelhado a porta da casa e ali grita por ela que não pode ouvi-lo. Como seu coração dilacerado, sua alma cansada, seu ego sofrido e necessitando de carinho, Amélia segue para o mais alto lugar da cidadezinha em que morava. Nesta casinha longe de qualquer pessoa, ela recosta sua vida a práticas simples e individuais... Aprende a ser mais insensível e racional; sua emoção é esquecida, foi deixada para trás junto com as suas lembranças e seus sonhos. Agora sonha com algo maior, com algo que faça apagar tudo de sua memória e acrescentar boas novas neste novo período, neste ciclo vicioso e desconfortante. Ele já não sabe mais o que fazer, procurou por todos os lugares e nada, percebe que por um momento que a perdeu para sempre... Anos se passaram Amélia volta para a sua cidadezinha, ninguém a reconhece pela mudança que teve, mas o seu coração ainda bate pelo seu amor, adormecidamente. Ao chegar a sua casa o seu corpo estremece, seu coração palpita mais rápido. Arruma tudo e sai para cumprimentar os conhecidos e um deles se aproxima e diz: Ah, Amélia! Como é bom tê-la entre nós novamente, durante este tempo você fez falta para nós, no entanto, o seu amor já não está mais conosco... E contando o que aconteceu, Amélia enche seus olhos de lágrimas e desolada entende que não terá a oportunidade de dizer ao seu amor o que sempre sonhava: o quanto o amava... O seu amor se foi e o sonho acabou!

Sempre sonhe comigo III

Mesmo tendo encontrado o seu amor, ela – Amélia – não está conformada em perdê-lo e deixá-lo ir, escorregando entres seus dedos o grande sonho da sua vida. Mas lamenta mais ainda por seu amor não ter sonhado como deveria, deixou de compartilhar momentos agradáveis, deixou de ver além e sonhando pequeno esbarrou em dúvidas e lamúrias. Já em casa depois do encontro inesperado com o seu amor, Amélia, chora novamente por não saber o que fazer, até mesmo pela falta de um sonho mais concreto, o seu amor caiu em uma farsa que a vida põe no caminho e ele caiu nessa. Inconformada, magoada e iludida Amélia está agora. Foram meses sacrificando o que não lhe traria um futuro, meses de dedicação, meses de cumplicidade... Ah! Amélia não pode esquecer cada canto de sua casa que lembra o seu amor, de alguma maneira, um chamado a porta, discussões que acabavam sendo resolvidas; foram várias as demonstrações de carinho eterno e o seu amor correspondia à altura, no entanto, Amélia não compreende o que houve de errado, qual foi o motivo do fim, e se pergunta sem obter resposta... Passam os dias; trancafiada em sua casa, ela não sai, não quer ver as pessoas, não quer enfrentar o mundo, o seu sonho acabou e resta congelar-se para poder esquecer o que está sendo difícil. Certo dia Amélia sai de casa acompanhada com seu desgosto pela vida e suas lágrimas intermináveis, indo para o mesmo lugar que encontrou o seu amor permanece lá contemplando o lugar e mais consciente não chora, lamenta. Depois de muito tempo neste lugar, volta para a sua casa percorrendo os mesmos caminhos, as pessoas que a vêem passar têm medo de cumprimentá-la, embora compreendam a dor que Amélia tem sentido, pois certas passagens da vida de cada pessoa que a vê já sofreu como tal e tentam ajudá-la, preferem deixá-la sozinha. O seu amor perto dali estava e sofrendo da mesma forma que Amélia, tenta arrumar uma forma de reconquistá-la. Enquanto murmura por uma volta, ele consegue – finalmente – vê-la caminhando pelos lugares que foram importantes para ambos. Amélia andava distraída e o seu amor maquinava algo, até que o reencontro é feito. Ela o recebe com a maior frieza possível, ele com um sorriso estampado em seu rosto não esconde que está feliz por estar diante dela. Amélia friamente diz: O que você está querendo com isso? Sinto muito meu querido, esta pessoa já não é mais para ti, esqueça-me, pare de sonhar, não se iluda, eu estou bem sem a sua presença. Inconformado e observando que nada do que ela diz é verdade, responde: Eu sei o quanto errei, arrependido estou e não estou satisfeito com a minha vida, sem você eu nada sou, eu te peço perdão! Mesmo com a um semblante frio Amélia se desintegra por dentro, mas não cede aos pedidos do seu amor. Ele cabisbaixo volta para onde saiu e ela o deixa sem resposta. Ainda que todos os esforços fossem aceitos, Amélia continua sonhando.